Gordura no fígado pode evoluir para cirrose e até para câncer, com danos irreversíveis

Uma em cada cinco pessoas desenvolve a esteatose hepática não alcoólica, popularmente conhecida como gordura no fígado. O problema, de acordo com o gastroenterologista Roberto Barreto, que integra a equipe do Instituto de Gastro e Proctologia Avançada (IGPA), acomete principalmente quem está com sobrepeso, mas pessoas magras não estão livres desta doença.

Uma esteatose hepática não controlada tem potencial de evolução para uma cirrose hepática, com danos que podem ser irreversíveis, alerta o médico.

Com o aumento da frequência de obesidade na população, ocorre um quadro chamado de resistência à insulina. A insulina é um hormônio que está diretamente implicado no metabolismo de gordura no fígado. A seguir, detalhes sobre a doença.

Quando ocorre resistência à sua ação, há o risco de haver acúmulo de gordura no fígado, denominada doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA), que pode variar de quadros leves até quadros mais graves, com inflamação e fibrose, que vão de esteato-hepatite até cirrose ou câncer de fígado.

Como acontece

O fígado é um órgão muito importante no metabolismo das gorduras. Ele capta a gordura proveniente do intestino e do tecido adiposo e a metaboliza para estoque e para queima, como fonte de energia. Nas pessoas com gordura no fígado, há um desequilíbrio nessa função metabólica, mobilizando mais gordura do tecido adiposo.

Além disso, pode-se, também, produzir mais gordura nas células hepáticas, do que seria capaz de transportar. Assim, ocorre o acúmulo de gordura dentro das células do fígado.

A obesidade e o diabetes estão muito associadas à presença de resistência à insulina e isto está diretamente envolvido no acúmulo de gordura hepática.

Pessoas magras

Uma pessoa pode ser magra, com IMC (índice de massa corporal) normal, mas apresentar acúmulo de gordura excessiva em região de abdome. Essa gordura em região de abdome é a que mais se associa com a chamada resistência à insulina. Pode também haver outros fatores associados, como os genéticos.

Sintomas

Não há sintomas específicos pelo simples acúmulo de gordura no fígado. Porém, algumas pessoas podem queixar leve dor ou desconforto na parte alta do abdome ou mesmo fadiga.

A gordura no fígado é irreversível, porém a medida que evolui com inflamação e fibrose, pode chegar ao estágio de cirrose. Quando chega a este ponto, deixa de ser reversível. O único tratamento curativo é o transplante de fígado.

Diagnóstico

O diagnóstico é feito com exames de imagem (ultrassom, tomografia ou outros). Pode haver alteração de exames de sangue. É importante descartar outras causas de doenças hepáticas, consequências do alcoolismo, hepatites virais ou autoimunes, ou uso de medicações que poderiam ser tóxicas ao fígado. Em alguns casos selecionados, recomenda-se a realização de biopsia do fígado.

Tratamento

Não existe um tratamento específico, com eficiência comprovada para tratar a doença no fígado. O que se recomenda, principalmente, é o controle dos fatores de risco, como o peso, o diabetes e as taxas de colesterol e triglicerídeos.

Prevenção

Em relação à dieta, antes de tudo, se recomenda uma dieta equilibrada, pobre em carboidratos simples e gorduras saturadas e trans. A preferência deve ser por carboidratos complexos e por gorduras insaturadas. Sempre ter presente diariamente, a ingesta de verduras, frutas e legumes. Restrição calórica àqueles que estão acima do peso.

SC Assessoria de Imprensa