A alimentação, as fibras e nosso intestino

Por Fernanda Branco

Se alimentar de forma saudável e equilibrada é essencial para garantir qualidade de vida. Isso porque, além de fornecer energia e bem-estar geral, através de uma boa alimentação é possível prevenir e combater doenças, manter o peso corporal saudável e ter um bom desenvolvimento físico.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP), tudo o que comemos será absorvido pelo intestino, ou não. E para que haja um bom funcionamento intestinal devemos ingerir quantidade suficiente de fibras e água. Fibras são os componentes contidos nos vegetais que, por não serem digeridos totalmente pelo intestino, ajudam a segurar, no bolo fecal, uma parte da água ingerida. Fibras e água, em conjunto, proporcionam a formação adequada das fezes e, com isto, o bom funcionamento intestinal: nem muito rápido, nem muito lento.

O intestino preguiçoso não é bom porque permite o contato e absorção de elementos indesejáveis pela mucosa intestinal, como por exemplo, de gorduras em excesso e substâncias cancerígenas. O funcionamento rápido, por outro lado, diminui a absorção de água e nutrientes.

As fezes ricas em fibras fazem esta esponja progredir melhor, estimulando o funcionamento intestinal, ao mesmo tempo em que ajuda a eliminar as substâncias que fazem mal à saúde e uma alimentação balanceada e rica em fibras pode proporcionar bem-estar e proteção ao organismo.

Há dois tipos de fibras, que são as insolúveis e as solúveis em água. As fibras insolúveis dão a textura firme de alguns alimentos, como o farelo de trigo, frutas, verduras e as hortaliças.

Estas fibras retêm uma quantidade maior de água, produzindo fezes mais macias e com mais volume. Desta forma, ajudam o intestino a funcionar melhor. As principais fontes são os farelos de cereais, os grãos integrais, nozes, amêndoas, amendoim, vários tipos de frutas (pera, maçã com casca, etc.) e as hortaliças (ervilha, cenoura, brócolis).

As fibras solúveis são mais macias. Depois de ingeridas, elas se transformam em gel, permanecendo mais tempo no estômago e dando uma sensação maior de saciedade. Esse gel atrai as moléculas de gordura e de açúcar, que são eliminadas pelas fezes. Então, as fibras solúveis ajudam a reduzir os níveis de colesterol e glicemia do sangue. São encontradas nas leguminosas (feijão, lentilha, ervilha), nas sementes, nos farelos (aveia, cevada, arroz), nas frutas e hortaliças (cenoura, batata).

O ideal é que nossa alimentação contenha, diariamente, em torno de 45 g de fibras para assegurar um bom funcionamento do intestino.

É muito importante ingerir água para evitar que as fezes fiquem duras.

Outras vantagens da dieta balanceada

As fibras solúveis ajudam muito a reduzir o colesterol. Por exemplo, a aveia é recomendada no tratamento para redução de colesterol associada a uma dieta pobre em gorduras.

Por outro lado, o azeite de oliva (gordura monoinsaturada) reduz o colesterol ruim e preserva o bom colesterol. Apresenta também a vantagem de lubrificar o bolo fecal facilitando sua progressão

Cuidado com os açúcares e os alimentos dietéticos, que podem causar diarreia. Leite e derivados, tais como queijos e manteiga, podem causar diarreia ou flatulência. Esses sintomas são mais fortes em pacientes com intolerância à lactose. Produtos com cafeína (café e refrigerantes) podem acelerar a passagem do bolo fecal no intestino e devem ser consumidos com atenção e sem exagero.

Câncer colorretal

Ainda segundo a SBCP, as fibras protegem contra o câncer colorretal. Como já relatado, cereais (farelos ou integrais) e outras fibras alimentares contidas em frutas, vegetais, legumes e castanhas podem reduzir a incidência de pólipos intestinais.

A carne vermelha, que contém grande teor de gordura, deve ser consumida com cuidado.

As gorduras das carnes podem aumentar o nível de colesterol ruim. Outro problema relacionado com o consumo de carne é uma maior exposição ao câncer colorretal. Indivíduos que consomem carne com gordura e muito bem passada têm chance maior de ter câncer de intestino. Acredita-se que essa gordura modificada possa causar algum tipo de lesão no intestino e assim desenvolver câncer. Lembre-se de consumir mais frango e peixe.

Cada pessoa apresenta uma reação ao consumir diferentes tipos de alimentos. Por este motivo pode ser necessário que uma alimentação específica seja orientada por um profissional.

Não deixe de conversar com seu nutricionista ou seu médico, especialmente se você notar algum desconforto quando consome certos alimentos ou se o seu intestino não está funcionando bem.

Não use medicações laxantes por conta própria. Faça uma alimentação saudável e consulte um profissional sempre que tiver dúvidas.

Fernanda Branco e nutricionista e integra a equipe do IGPA

Foto: Priscila Russo