A constipação intestinal e a fisioterapia pélvica

 Por Juliana Miranda

A constipação ou prisão de ventre é um problema bastante comum e sugere que a pessoa tem dificuldade para evacuar. Nesse caso, é muito indicada a prática da fisioterapia pélvica, já que muitas vezes essa disfunção ocorre justamente devido a alguma alteração muscular ou tecidual na região anorretal.

Nesse caso, a pessoa precisa realizar grande esforço para conseguir defecar, tendo a sensação de que há um bloqueio no canal anorretal e, muitas vezes, permanecendo com a vontade de evacuar, como se ela tivesse sido incompleta.

Através de técnicas específicas, a fisioterapia pélvica oferece benefícios que vão além da musculatura da pélvis. O treinamento físico e orientações para que os hábitos sejam, aos poucos, melhorados.

De forma geral, a atuação da fisioterapia pélvica para constipação intestinal envolve treinar e melhorar a coordenação da musculatura perineal, permitindo que a pessoa consiga contrair, relaxar e realizar os movimentos adequados para que a evacuação seja realizada no momento e do jeito correto.

Também auxilia no relaxamento da região perineal a fim de evitar que a tensão durante a evacuação cause dor, desconfortos ou mesmo bloqueie a saída das fezes e a corrigir a respiração, visto que até o movimento do diafragma pode influenciar na utilização da força adequada.

A fisioterapia pélvica ainda busca modificar comportamentos que atrapalham a evacuação, como a falta da rotina de ir ao banheiro após determinadas refeições, a posição inadequada junto à privada, não ter paciência ou então segurar quando se tem vontade, e também orienta quanto à importância de uma maior ingestão de fibras e de líquido.

Os exercícios são eficazes quando a causa da prisão de ventre está associada a fatores comportamentais, como, por exemplo, a postura errada para defecar.

Técnicas que ajudam a reduzir a constipação

O fisioterapeuta utiliza diversas técnicas que podem ajudar para que a constipação intestinal deixe de fazer parte do dia a dia das pessoas como:

  • Massagem abdominal: Com movimentos circulares, aumenta a motilidade intestinal e, consequentemente, a frequência das defecações;
  • Treinamento para fortalecer o assoalho pélvico: Com exercícios específicos, o paciente passa a ter consciência corporal, ganhando capacidade de identificar e ter maior controle sobre a musculatura;
  • Biofeedback eletromiográfico: Através de sinais auditivos ou visuais, essa técnica permite identificar a atividade das fibras musculares do assoalho pélvico. Com isso, o paciente se conscientiza sobre funcionamento da musculatura na prática, restabelece a coordenação e aprende a realizar corretamente a contração e o relaxamento do músculo;
  • Treinamento postural: Trata-se da orientação sobre a postura adequada para que a evacuação ocorra de forma mais natural. No caso, sabe-se que ao se sentar, o cólon fica dobrado, impedindo o fluxo de resíduos. Assim, para quem sofre de prisão de ventre, o ideal é tentar evacuar agachado, ou seja, com os joelhos dobrados na altura do peito.

Importante lembrar que para um tratamento adequado para constipação intestinal, além da fisioterapia pélvica, é fundamental contar com o apoio de um médico gastroenterologista e um nutricionista.

Juliana Miranda é fisioterapeuta pélvica, especialista em disfunções  urinárias, proctológicas e  sexualidade  feminina e integra a equipe multidisciplinar do IGPA.

 

Foto: Priscila Russo