Muito antes da pandemia, a obesidade já era considerado um problema de saúde pública. No Brasil existem mais de 20 milhões de indivíduos obesos, sendo que 56% da população está acima do peso, o que torna a obesidade uma questão de saúde pública.
O gastroenterologista Marcondes Costa Marques, que integra a equipe do Instituto de Gastro e Proctologia Avançada IIGPA), alerta por ocasião do Dia Mundial de Combate à Obesidade n(04.03), que este problema de saúde traz ainda mais preocupação por estar na relação dos fatores de risco para a Covid-19.
Antes de entrar na questão da pandemia, o especialista explica que a obesidade se caracteriza pelo acúmulo excessivo de gordura corporal e tem como principal causa a alimentação inadequada ou excessiva e como causa secundária o sedentarismo. Outras causas podem estar associadas a fatores genéticos, metabólicos, hormonais e até mesmo psicológicos.
“A obesidade, independentemente de padrões estéticos, é considerada uma doença crônica que pode ocasionar outros problemas de saúde, porque o acúmulo de gordura no organismo aumenta o risco de doenças como o aumento do colesterol e triglicérides, diabetes, apneia do sono, hipertensão arterial, infarto do miocárdio, acúmulo de gordura no fígado, acidente vascular cerebral e também pode estar associado a alguns tipos de câncer”, pontua o médico, observando que estas doenças não são exclusividade de pessoas obesas ou com sobrepeso.
Os portadores de obesidade entraram para o grupo de risco da Covid-19, estando mais propensos a desenvolverem manifestações mais severas da doença. Um dos principais motivos apontados, de acordo com o gastroenterologista, é o constante estado de inflamação em que o corpo se encontra e que sobrecarrega e limita a sua reação.
“O corpo pode não contar com uma resposta imunológica tão efetiva para combater a doença diante de uma infecção pelo novo coronavírus”. Além disso, acrescenta o médico, os quilos a mais, principalmente quando associados a um estilo de vida sedentário, podem comprometer a capacidade respiratória, uma das funções mais afetadas nos casos graves do Covid-19.
A questão é que o isolamento social imposto pela pandemia pode, justamente, contribuir para o sedentarismo e até para um surto de obesidade, já que muitos mudaram suas rotinas, deixando para trás a vida mais ativa e atividades do cotidiano. Ansiedade, estresse também podem estar afetando os hábitos alimentares.
Marcondes ainda observa, por outro lado, que a obesidade é uma doença que pode ser prevenida e combatida. Na maioria dos casos, uma dieta balanceada e a prática regular de exercícios físicos é suficiente.
“É importante ressaltar que a obesidade pode ser um agravante para outras doenças, mas que elas podem surgir em pessoas que não apresentem sobrepeso. Para descobrir a causa específica da obesidade ou do sobrepeso, em muitos casos é necessário se consultar com um médico e realizar exames que possam indicar algum tipo de predisposição ao acúmulo de peso”, completa o especialista.