Inca prevê 17 mil novos casos de câncer de intestino em 2019 e nossos especialistas fazem alerta

Estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca) preveem para este ano 17.620 novos casos de câncer de cólon e reto em mulheres e 16.660 em homens. Em Mato Grosso, neste Setembro Verde especialistas falam sobre o câncer colorretal, o segundo mais frequente nas mulheres (após mama) e o terceiro nos homens (após próstata e pulmão).

O coloprocotologista Mardem Machado, que atende na Clínica Vida Diagnóstico e Saúde e no Instituto de Gastro e Proctologia Avançado (IGPA), explica que geralmente o câncer colorretal é um tumor maligno que se instala no reto do intestino grosso.

“Na maioria das vezes, o câncer colorretal se desenvolve gradativamente por uma alteração nas células que começam a crescer de forma desordenada sem apresentar qualquer sintoma. Por esse motivo, a detecção precoce é fundamental. Quanto mais cedo é diagnosticado, maiores as chances de cura da doença”.

O especialista, uma das principais referências nessa especialidade em Mato Grosso, diz que o câncer colorretal está relacionado a hábitos de vida não saudáveis, como consumo elevado de carnes vermelhas e processadas e pouca ingestão de frutas, legumes e verduras.

Mardem Machado observa que, além disso, há outros fatores considerados de risco como o sedentarismo, a obesidade, tabagismo e consumo excessivo de bebidas alcoólicas. Outro fator de risco é a idade, principalmente a partir dos 50 anos.

Geralmente o câncer de intestino é precedido de um pólipo, pequena verruga na mucosa do intestino. Este pólipo leva alguns anos para se desenvolver, assim, é possível diagnosticá-lo antes que se torne maligno. Pessoas com casos de pólipos na família devem ficar alertas, assim como portadores de doenças inflamatórias intestinais (colite ulcerativa e Doença de Crohn).

A doença geralmente não apresenta sintomas em sua fase inicial. A SBCP recomenda a realização da colonoscopia a partir dos 50 anos, quando não há casos na família de câncer colorretal e pólipos. Quando houver histórico familiar, a recomendação geralmente é a partir dos 40 anos de idade.

Em estágios avançados, o câncer do intestino pode causar perda de sangue nas fezes, dor abdominal, massa abdominal palpável, alteração do ritmo intestinal, emagrecimento, náuseas, vômitos e anemia não explicados por outras causas.

Quando detectada a doença, na maioria das vezes o tratamento é realizado por meio de cirurgia (por via convencional ou laparoscópica) para remoção da parte afetada juntamente com os gânglios linfáticos (linfonodos).

Dependendo do grau de desenvolvimento do tumor, podem ser necessárias quimioterapia, radioterapia e cirurgia para realização de um estoma (orifício na parede abdominal).

Prevenção

Em geral, a doença pode ser prevenida com hábitos como: ingestão de fibras (25 a 30g por dia), frutas e verduras (duas xícaras e meia por dia) e peixes (duas a três vezes por semana), baixo consumo de gordura (principalmente as de origem animal como carne vermelha e queijos), prática regular de exercícios físicos e evitando-se o tabagismo e a ingestão exagerada de álcool.

Estudos têm comprovado que outros alimentos também podem auxiliar na prevenção, como curry, gengibre, pimenta negra, ginseng, açafrão, berberina (encontrada em raízes e cascas de plantas medicinais e alguns tipos de uva), cogumelos, vinho tinto, soja e alimentos probióticos (que contenham microrganismos vivos).

Quem possui parentes de primeiro grau com câncer intestinal ou pólipos deve ficar mais atento e procurar o coloproctologista para saber como e com qual frequência deve fazer a colonoscopia.

Colonoscopia

O gastroenterologista Roberto Barreto, que também faz parte das equipes da Vida Diagnóstico e Saúde e do IGPA,  é fundador e atual presidente da Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva em Mato Grosso – SOBED/MT, explica que a colonoscopia é um exame de captura imagens em tempo real do intestino grosso e de parte do intestino delgado.

Para isso, um aparelho chamado de colonoscópio é introduzido no ânus – e avalia a presença de câncer, males inflamatórios como a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa entre outras.

Esse dispositivo tem um tubo fino e flexível com uma micro câmera no final, que filma o interior do intestino. Como se fosse pouco, ele consegue retirar pólipos suspeitos e materiais para biópsias.

O endoscopista Joaquim Carvalho, que atua com Roberto Barreto no Centro de Endoscopia de Cuiabá (CEC), na Clínica Vida Diagnóstico e Saúde e no IGPA, observa que a colonoscopia serve para investigar a presença de câncer colorretal, pólipos e doenças inflamatórias intestinais, como a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa. Além disso, a colonoscopia ajuda a entender a causa de diarreias crônicas, sangramentos flagrados anteriormente pelo teste de sangue oculto nas fezes e anemia sem causa aparente.