Profissionais, residentes e pacientes debatem sobre DII no hospital Júlio Muller

O Hospital Universitário Júlio Muller (HUJM) sediou na última sexta-feira (24.05) evento que reuniu profissionais da saúde, acadêmicos e pacientes para debater o tema “Conscientização sobre DII”, uma programação da campanha Maio Roxo.

O coloproctologista Mardem Machado, coordenador do Núcleo de Doença Inflamatória Intestinal do HUJM e presidente da SBPC/Centro-Oeste, abriu os trabalhos falando sobre o Serviço de DII do hospital e também abordou a importância do atendimento profissional no tratamento das doenças inflamatórias intestinais.

Em seguida, Raissa Viturino, residente em Proctologia destacou a retocolite ulcerativa – que abrange especificamente cólon e reto – e a doença de Crohn, que pode impactar todo o trato gastrointestinal e são as mais comuns entre os pacientes de DII.

Dr. Mardem Machado, coordenador do Núcleo de DII do HUJM e presidente da SBPC/Centro-Oeste, abriu os trabalhos

“Os principais sintomas da retocolite ulcerativa são a anemia, diarreia muco-sanguinolenta, e cólicas na região. Por sua vez, a doença de Crohn ocasiona inflamação transmural progressiva que pode levar a dano estrutural e as ocorrências podem ocorrer de forma contínua ou salteada. Ambas também apresentam sintomas além do intestino, como na pele ou olhos”, detalhou.

Isabela Marcondes, residente em Nutrição, ressaltou que as DII consistem em um conjunto de doenças inflamatórias mediadas pelo sistema imunológico que acometem o trato gastrointestinal. “Recomenda-se, durante as crises, evitar leite e derivados, produtos à base de farinha de trigo, açúcares, vegetais folhosos crus, cereais integrais, leguminosas (como amendoim e feijão) e frutas como mamão, laranja, abacaxi, coco e pera com casca”, orientou a residente.

Segundo Isabela Marcondes, no âmbito nutricional, não existe uma prescrição única de dieta para pacientes com DII – a individualidade e autopercepção são os fatores predominantes para o diagnóstico. “É recomendado priorizar uma alimentação rica em antioxidantes e alimentos inflamatórios, observar a tolerância aos alimentos e monitoramento constante de níveis de ferro, ácido fólico e demais vitaminas que forem necessárias”, completou.

Paciente Emerson Aguiar, convidado para falar sobre “Relato e desafios”

Também palestraram o psicólogo Alex Zopeletto da Silva, sobre “Aspectos emocionais nas DIIs”, e a enfermeira Estomaterapeuta Kárida Barbosa, que também organizou o evento, sobre “A visão do enfermeiro nas DIIs”, e o paciente Emerson Aguiar, convidado para falar sobre “Relato e desafios”.

Projeto de Lei

Patrícia Mendes, presidente da DII Brasil (Associação Nacional de Pacientes com DII – Dça Crohn e Colite), participou do evento a convite da coordenação, e declarou que foi por meio de mobilização constante e convergência de demandas que os pacientes de DII chegaram ao Congresso Nacional.

“O Projeto de Lei 5307/2019, que institui a “Política Nacional de Conscientização e Orientação sobre as Doenças Inflamatórias Intestinais – Doença de Crohn e Retocolite Ulcerativa – e assistência aos portadores” está pronto para pauta na Comissão de Constituição de Justiça e Cidadania (CCJC), e abrange ações de suporte aos pacientes de DII assim como de sensibilização e divulgação junto à sociedade”.

Esse percurso, observou a presidente da DII Brasil, reforça a importância da participação social em todas as esferas, seja municipal, estadual ou federal, assim como em comissão de representação da Saúde, como a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), para participação ativa em discussões sobre medicação, por exemplo.

Reconhecimento

A Professora Maria de Fátima de Carvalho Ferreira, Superintendente do HUJM, participou do evento e parabenizou os organizadores por conferir visibilidade a uma questão estratégica na Saúde. “A mobilização e o engajamento dos pacientes constituem um fator fundamental para que o Maio Roxo seja lembrado e reconhecido”.

A presença dos estudantes – tanto residentes quanto internos – no Auditório, para a superintendente, traz perspectivas de mudança e mais sensibilização em relação às DII. “Este evento simboliza que, perante os desafios e limitações, fazemos o nosso melhor sempre, para assegurar formação e assistência de qualidade”.

Professor Eduardo De Lamônica Freire, ex-reitor da UFMT e fundador do HUJM, lembrou que a iniciativa do professor Mardem Machado resultou na criação da Residência em Coloproctologia no HUJM, já com cerca de uma década de atuação.

“O evento traz reflexões que contribuem com a necessidade de rediscutir a formação médica, no sentido de seguir além do diagnóstico e tratamento clínicos, no sentido de cuidar dos corações e mentes. Também nessa perspectiva, urge rediscutir, em todas as esferas, a formação médica. As DII devem ter melhor atenção na esfera da Clínica Médica”.